Assaltante de figurinha do Yugi-oh



Essa é uma história tecnicamente triste, pois me leva a repensar nos momentos horríveis de um assalto que nós sofremos. Mas não importa o passado e sim o futuro.

"Ladrão de galinhas que rouba figurinhas"
por Juniorus Nodachi

Eu estava no segundo ano de ensino médio. Era o mês de abril. Numa Noite escura e quente de quarta-feira. Tinha-mos voltado do colégio mais tarde que o normal porque ficamos tocando violão até o porteiro nos tirar a força do colégio.
Sai-mos, o "garotinho inocente Nodachi" que é quem vos escreve, o "garotinho inocente índio" e o "garotinho inocente soneca" pela rota mais arriscada.
Era uma BR escura e desprotegida, cercada por um grande muro do lado direito e uma amontoado de campos de futebol conhecido como "pasto" do lado esquerdo.
Pensamos em ir pelo amontoados de campo, mas três garotos inocentes num fim de tarde atravessando vários campos desguarnecidos não era uma boa idéia.
Fomos então para o leste em direção a "cidade nova". Um bairro próximo. Seguimos pelo acostamento onde fomos surpreendidos por vários automóveis sem controle e com velocidade próxima a barreira do som.
Caminhamos por muitos minutos até chegar no grande posto de gasolina. Ele nos trazia uma esperança mais perante para aquele escuridão. Nos iluminava com suas grandes luzes amarelas e nós nos deliciava-mos com seu cheiro de gasolina.
Passamos por ele com muito cuidado, principalmente eu, por já ter assistido vários filmes onde subitamente o posto explodia e tudo mundo morria. Nesse momento o "garotinho inocente soneca" fez uma piadinha meio aterrorizadora.
"E se passar um aqui e jogar uma ponta de cigarro"
Depois dessa piada a tensão ficou no ar. Uma certa preocupação se abatia sobre mim. Sentia o cheiro da gasolina entrando mais forte e profundamente nos meus pulmões.
Finalmente passamos daquele ponto. Nos descemos a rua em direção a esquina que viraríamos. Foi um processo arriscado poderia ter custado a vida de alguns de nós. Mas chagamos com segurança.
Entramos então numa rua que nós consideramos menos perigosa, mas foi ai que nosso destino nos pregou uma peça.
Ao andar cerca de 50 metros pelas calçadas escuras de uma cidade sem leis.
Fomos abordados por uma franzino, mas altamente perigoso brow, ele tinha olhozinhos pretos apertados, um bigode com fiapos loiros e braços finos.
Com sua paleta reta virada para nós foi dizendo com um voz rouca e fraca.
"passa o celular mermão"
Viramos os olhos achando que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto, mas ele realmente queria nos assaltar.
Seu fino braço estava dentro de seu short como quem segurava uma arma de fogo ou apenas dando uma coçada. Quando ele nos encarou e repetiu com mais intensidade as mesmas palavras de antes
"PASSA O CELULAR MERMÃO!"
Nosso coração parou de bater por alguns segundos, o suficiente para minha respiração aumentar a frequência descontroladamente. O "garotinho inocente soneca" foi o que mas parecia assustado com a situação. O elemento percebeu o nível de fragilidade de nosso amigo e foi em direção dele com sua bicilcleta enferrujada com alguns tons de vermelho sujo. Botou a paleta reta na cara do pequeno jovem indefeso e esbravejou.
"Mi da esse celula que ta no teu boço agora porra. Sinão vo meter bala im voces. Eu to com o ferro aqui maluco. ce qué bricar com a vida veiu?"
Aquelas palavras me deixaram absolutamente imóvel.
"Como tal ser poderia assassinar a língua portuguesa de tal maneira" mas não era isso que eu deveria me preocupar. Ele poderia querer assassinar agente em vez da língua portuguesa. porque ele era ladrão, era marginal, bandido mesmo. E na hora eu estava pouco ligando pra língua portuguesa.
Eu fiquei assustado, assustado não, eu estava morrendo de medo, eu sentia meus ossos tremerem. Foi quando o "garotinho inocente soneca" respondeu a pergunta que o elemento, ladrão, assaltante, safado tinha perguntado .
" to com celular não velho. Pode olhar se quiser."
Ele ficou parado por alguns segundos com sua paleta reta em nossa direção novamente. Balançando a cabeça ele fito o jovem guri e falou.
"E esse volume no bolso ai? C sabe que se for um celula vo li dar um tiro"
O "garoto inocente índio" intervil pro nosso colega falando que nós não tinha-mos nada. Éramos só pobres garotinhos inocentes indo pra casa.
Ele ficou bravo com a intervenção e expressou uma giria.
"Colé?"
Nós baixamos a cabeça em quanto ele agredia verbalmente nosso colega.
Depois de muita ameaça. O "garotinho inocente soneca" tirou o que estava fazendo volume em seus bolsos.
Foi um movimento rápido dele. Botou a mão no bolso e tirou o conteúdo, segurando firmemente e mostrou para o elemento.
Ele olhou e disse rapidamente.
" você só tem isso?"
nosso colega foi rápido e temeroso na resposta.
"Só, velho. Só tenho essas figurinhas de yugi-oh"
O elemento abaixou a cabeça e voltou seus olhos para nós. Foi nesse momento que achei que seria o meu fim. Imaginei até as notas dos jornais ''Garotinho inocente Nodachi morre depois de ser assaltado por elemento armado"
Como não tinha nada nos bolsos além de 0,15 centavos e uma borracha gasta. Falei.
"Não tenho nada não brother" ele me olhou com um olhar de desconfiada, mas viu na minha cara que eu estava liso, sem um tostão furado no bolso mesmo.
E voltou-se sua paleta reta para o "garotinho inocente índio" que estava com suas mãos vermelhas de tanto apertar a capa de seu violão.
Ele falou com sua voz de pato e com um leve sorriso que mais aparentava medo que descontração.
"Num tenho nada também não. Tamo voltando do colégio"
O ladrão, safado, marginal, bandido já estava percebendo que tinha perdido seu tempo nos assaltando e retrucou com uma pergunta.
"Ces tem cinquenta centavos ai?"
Falamos para ele quem estávamos completamente sem dinheiro. Ele volto-se seus olhos para o deck de figurinhas de yugi-oh que estava nas mãos trêmulas do meu colega.
E falou com um sorriso na cara.
"intão valeu"
E volto a pedalar sua bicicleta enferruja em direção ao bairro mas perigo da cidade.
Depois disso seguimos nosso caminho comentando tudo que tinha acontecido.
Meu colega visivelmente aliviado por não ter perdido ser deck, que contava com cartas bem legais e raras.


Aprendemos com essa história que não devemos reagir a nenhum assalto. Nem mesmo quando ele for realizado por uma ladrão de bigodes loiros.
E nós sai-mos dessa história como grandes malandrões por não ter perdido meus 0,15 centavos e minha borracha, o deck do "garotinho inocente soneca" e o violão do "garotinho inocente índio".

Obs: Ao andar por ruas perigosas não leve celulares, Decks com cartas raras ou dinheiro. "Quem sabe um real seja bom pra ele não lhe matar por não ter nada".

"Esse ladrão nos assaltou de novo tempos depois e não levou nada de novo. Soubemos depois de alguns meses que ele morreu. "0\o/\o/\o/ bem pregado ladrão safado"

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