O resgate do soldado Ryan



...eu penso as vezes, por que ainda escrevo nesse blog?
(acho que estou é pensando merda)então "arriba".
Essa história se passa em março de 2010, quando eu tive que ir me alistar no exercito. O que parecia ser fácil, mas foi difíiiicil...


"Irmãos de guerra"
por Junior Nodachi


Era um belo e nublado domingo. Eu sentia a brisa da tarde batendo no meu rosto, o barulho dos meus vizinhos comemorando o gol do são paulo e sentia também o forte cheiro de bolo que minha mãe fazia. Tudo corria bem na mais perfeita ordem. Ninguém tinha vindo aqui em casa fazer uma visita, eu não estava estudando para nenhuma prova e meu irmão estava dormindo desde o almoço.
Acomodado numa inércia imensurável meu corpo se encontrava no sofá, livre de qualquer interferência social. Apenas eu, a televisão e o sofá, unidos como um "E.T Avatar azul" nas suas plantas. A concentração era perfeita e uniforme, mau podia piscar os olhos, quando de repente um comercial começa e chamar minha atenção.
Era um comercial sobre alistamento militar, falando que o dia das inscrições estava terminando,(passava um bando de soldados felizes, com suas armas e roupas camufladas, todos dentro do mato pulando com suas caras pintadas de tinta guache).
Eu não queria me alistar, mas era obrigatório. Uma das poucas vezes que eu desejei ser uma mulher. Tomei uma quando significativa de coragem e esbravejei,(Fudeu! vô ter que me alistar).
No dia seguinte fui me informar com meus amigos que já tinham se alistado, para saber o que eu deveria fazer numa situação daquela. Alguns me assustaram bastante (filhos de uma profissional do sexo) outros já foram mais compreensivos e me explicaram que era tudo simples e normal.
Então decidir formar uma companhia para tal missão de alistamento, chamei-a de 1º companhia de tartarugas lentas da 3º divisão do regimento Gamagama nescal com leite de Feira de Santana. Um nome curto e simples pra não trazer dificuldades durante a operação.
Marcamos eu e meus oficiais em minha casa (quer dizer em meu QG) as 05:00 da manha, horário mas que normal por que seria destribuido senhas aos novos aspiras.
Em minha guarnição se encontrava, Futuro soldado Fabio, Futuro Soldado Alvaro e eu (Futuro exterminador do futuro Junior Nodachi). Nós nos encontraria-mos com outra guarnição comandada pelo futuro soldado Dui na central. ( central nem tanto, parecia uma casa velha cheia de foto).
Meu relógio/celular despertou as 05:00, levantei e me preparei para a partida, não se via sinal dos outros integrantes do regimento, o que me preocupava de certa forma. Já eram 06:00 quando decidir ir sem eles, entrei no carro e repensei, vou passar na casa deles, passei na casa do futuro soldado Fabio, ele apareceu de cueca e com uma cara de sono dizendo com uma voz baixa e embolada (pow velho...tu vai mesmo é...?) eu respondi de forma grosseira e irônica (não fdp, passei aqui as 06:00 da manhã por que quero me jogar da ponte da cidade nova e queria saber se você tá afim de ir comigo), ele continuou a falar coisas mas idiotas como (veiu foi mal.....mas acho que perdi minha certidão de nascimento). Nesse momento fiz um biquinho e uma cara de choro e gaguejando falei (pe..per..perdeu foi? Oh..que peeeninha viu.) e fui embora.
Chegava agora na casa do futuro soldado alvaro. Fui recebido pela mãe dele que estava varrendo a calçada. Ele foi simpática e educada, mas não encobriu a mentira do filho, disse de uma vez: Olha jão ele ta morrendo de medo, quase não dormi ontem, separou os documentos e ficava com eles na mão dizendo (eu vou ser obrigado a servi, e agora?). Eu rir pra caralho quando ela contou a história. Ele apareceu na janela com uma cara de sono também e sem camisa, nessa hora eu pensei (poha! todo mundo dormi nú em feira menos eu).
Mandei ele largar de "putaria" e vestir logo a roupa que nós já estávamos atrasados. Ele se arrumou em poucos minutos, o que achei incrível, pois uma vez tinha esperado 1 hora pra ele se arrumar para nós irmos fazer um trabalho de biologia no colégio em um sabado, (o trabalho era capinar a POHA do jardim do colégio que é grande PRA CARALHO!!!), lembro que dessas uma uma hora, 30 minutos foi fazendo a merda de uma escova no cabelo, que ele faz toda vez antes de sair.
Estávamos finalmente prontos, atrasados, mas prontos, tínhamos o destino em nossas mãos. Poderia cortar o céu com um olhar, destruir o chão com uma pisada e parar o tempo com um estralar de dedos.
Chegamos no lugar marcado umas 07:00, eu já avistava a fila na entrada, não era de todo mal, tinha umas 15 pessoas um nossa frente. Descemos do carro e fomos em direção a fila, até que no deparamos com merda a curva do muro (TINHA MAIS UMAS 50 PESSOAS NAQUELA MERDA), olhei para para o futuro soldado alvaro com um olhar de ódio, raiva, dor, com um verdadeiro ódio no meu coraçãozinho.
Eu me perguntava todas as vezes que olhava pra fila no nosso processo de caminhada até o final (por que diabos esses bicho ficou com tanto medo de vim aqui se alistar??ele é grande, forte e com cara de fodão, mas é um miserável medroso)
Logo quando comecei o dito processo de caminhada, avistei o futuro soldado dui, que tinha chegado as 5:45 e por isso foi agraciado com a ficha de numero 09 o que era bastante razoável comparado com minha ficha numero 59.
O atendimento começou as 07:30. Todos mostrando sues documento pra conferir as idades. Eu não tinha feito 18 anos ainda, por isso não tinha que pagar multa. Muita gente teve que pagar multa, uns 70% das pessoas que estavam lá.
Um dos momentos mais assustadores pra mim foi quando eu fiquei na frente do oficial e ele foi me perguntado meus dados (ex: idade, os documentos que eu tinha trazido, blá,blá e blá), ele dava uns dois de minha tanto na altura quanto na largura, aquilo me intimido um pouco. Por analisar meu numero 59 na ficha ele mandou eu só entrar uns 10:30 que seria parcialmente a hora que eles iam chagar no meu numero.
Me dirigir para a praça que fica logo a frente do...(do lugar la onde se alista). Eu sentei e pensei (vou ter que esperar 3 horas aqui?), botei meus pés cruzados no banco, meio que deitando e comecei a cantar (seu guarda eu não vagabundo, eu não delinquente , sou um cara carente EU DORMI NA PRAÇA) e outras musicas relacionadas a praças, bancos e soldados (na fila eu estava cantarolando aquela "marcha soldado, cabeça de papel", mas parei quando o cara da minha frente começou a rir).
Depois de um tempo parados ali, saímos em caminha pelas ruas próximas, era um bairro residencial, não tinha nada além de casas, andamos até umas 09:00, eu já estava morto. Voltamos então para a praça, onde ficamos conversando com Dui (que era a ficha 09 e não tinha entrado ainda).
Logo mandaram agente entrar. Nessa hora eu estava com fome, tinha até um cara vendendo pastel numa bicicleta , falei : vô compara um pastel, mas todo mundo estava entrando e não ia ter lugar onde eu pude-se sentar, então escolhi entrar em vez de comprar o pastel.
Depois de uns breves 5 minutos falei pra Dui guardar meu lugar. Caminhei pela sala de espera com passos largos e fortes, totalmente ritimados como um soldado, quando cheguei do lado de fora (CADÊ O CARA DO PASTEL?), ele tinha sumido, eu dei uma volta no (lugar de alistamento ) e num achei ele, vinham lágrimas nos meu olhos, eu não tinha tomado café, (e agora? o que seria de mim?). Me conformei e segui em frente de barriga vazia.
O futuro soldado Dui foi chamado depois de um tempo, foi uma das chamadas de fichas mas estranhas que eu já vi. A velha que chamava ficou tirando onda com o nome dele, ela ficou chamando com uma voz estranha , estridente : João..Oh! João..cadê você joão, joão,joão. Todos na sala riram até não aguentarem mais.
Esse episódio foi logo superado, por que ele passou a brinca com todos os nomes.
Eu continuava sentado numa cadeira desconfortavel esperando minha vez. Nisso o cara da ficha 58 sentou do lado de gente e começou a falar que ia se alistar, que era muito legal essa vida, que ia ser massa no quartel, e que tinha vantagens. Eu disse logo que não ia me alistar, ele tentou me induzir a mudar de idéia, mas era apenas um amador (a pessoa tem que ser do caralho mesmo pra fazer eu mudar de idéia sobre alguma coisa). Alvaro continuava a falar com Dui, só que eu não prestava muita atenção, pois o assunto era Raquel, Raquel, Raquel, Raquel, Raquel, Raquel, e eu já tava de saco cheio das desilusões amorosas dele (que é uma por mês).
Continuei conversando com o cara da ficha 58 até a hora que ele saiu, (deve ter ido procurar o cara do pastel), eu ficava olhando um mapa grande, desenhado na parede, mostrando todas as participações dos soldados brasileiros nas guerras (era bem legal), ficava também contando as medalhas dos velhinhos que estavam nas fotos espalhadas pela sala.
Era finalmente chagada a minha vez, o meu lindo e gigantesco nome era chamado pela voz estridente da velha. Ela foi logo dizendo : êta nome grande, eu balancei a cabeça e falei : é. (pra quem não sabe , o lance com meu nome é simples. Era o nome do meu avô que passou pra meu pai e que depois foi dado a mim. Em outras palavras, uma be-é-é-elezura).
Depois de mostrar minha carteira pra velha, entrei numa sala, que dava num corredor, que dava em outra sala, onde tinha uma porta, que dava em outras duas salas interligadas, onde tinha três velhos computadores amarelos (amarelos de velho).
Então estava eu lá, de frente a dois computadores livres com suas atendentes, olhei para duas num movimento rápido, enquanto pensava em qual mesa eu sentaria, uma parecia-me familiar, era a cara da minha professora de biologia do ano passado, então sentei na outra. Eu tirei da mochila meu classificador com os documentos e botei sobre meu colo.
A atendente olhava pra mim com uma cara estranha, eu normalmente retribui o olhar, ele continuava olhando, e eu também, ela olhava, eu olhava, ela olhava, eu olhava, ela olhava, eu olhava. Nisso eu cruzei os braços e continuo ela olhava, eu olhava, ela olhava, eu olhava. Foi quando falei (Sim, iae?). Ele voltou o novamente seus olhos escuros e sombrios para mim e falou com uma voz baixa: os documentos.
(MISERAVEL FILHA DA P%$@##TA! POR QUE NÃO PEDIU LOGO ESSA POHA)
Eu realmente quis dizer essas palavras, mas não disse. Entreguei os documentos, ele ficou catando milho no teclado e preenchendo minha ficha de alistamento. Ela me perguntou algumas coisas básicas que achei horrível responder como: ( Qual seu endereço?), eu falei com um carinha que só eu sei fazer (tá no recibo de luz que te dei agora), minha vontade mesmo era dizer outras coisas.
Alvaro tinha acabado de chegar na mesa ao lado e estava esperando a atendente dele preencher sua ficha a também, o cara da ficha 58 também estava la na outra mesa. A atendente depois de muitas perguntas idiotas, (pra que ele me pediu os documentos então?), finalmente fez a unica pergunta que a resposta não estava na sua mão, a pergunta foi feita quase que em sintonia com as outras mesas, eu ouvi quando a mulher que atendia o cara da ficha 58 perguntou, (você pretende seguir carreira no exercito?) e ele respondeu firmemente que sim. Fiquei tenso, minhas mãos suavam um pouco, meu coraçãozinho que já estava sem tanto ódio, batia um pouco mais rápido. Ele me olhou com uma cara de quem estava (comendo giló) e falou (Você não vai se alistar não, né?).
Parei no tempo naquele momento (como assim NÃO VAI SE ALISTAR NÃO???) será que mostrava um valor tão baixo assim?
Tudo bem que minha altura era a mínima, eu tinha 1,68 m, estava 3 sentimentos acima da altura mínima, sará que um cara de 1,68 m não poderia servi seu país?
(Hoje eu tenho 169, mas minto com frequência adicionado uns 3, 4 sentimentos)
Depois dessa viajem que eu tive, que levou nada mais que 2 segundinhos, respondi dizendo (NÃO), eu estava disposto a gritar um "não" tipo aquele do Luke Skywalker, quando descobriu que seu pai Anikin na verdade era o Darth Vader.
Depois melei meu dedo numa tinta preta e passei o papel, parecido com quando se faz carteira de identidade.
Finalmente pude sair daquele lugar. Era já umas 12:30, eu nem fome sentia mais, esperei minha carona vim me buscar, nesse meio tempo entre a chegada do carro da guarnição, acontece uma coisa bem legal. Você a partir da hora que passa pelo portão do(lugar onde se alista), você pensa que é um cara (fodão), eu mesmo não nego que pensei, sai de la pensado (sou fodão vei, sou do caralho), mas três minutinhos depois você acorda pra realidade e passar a pensar outras coisas como( eu sou um oatrio), (eu sou um bosta) ou ( eu só sou um pobre reservista)
Na praça, eu voltei pro banco onde eu estava no começo, quando passou um senhor de idade, um típico velhinho de praça, cabelos brancos, arrastando chinelo, jornal embaixo do braço e óculos guardado com bolso da camisa polo.
(Eu não sei o que é, eu sempre conheço um bando de gente legal em lugares doidos que eu nunca mais vou ver)
Ele sentou no banco e ficou falando da vida dele, que ele tinha servido o exercito, que na época da guerra teve que ir pra outro estado pra ajudar (num sei o que) lá, e que era fodão quando era novo, e que a juventude tava perdida e outras coisas (eu sempre gostei de conversar com gente mais velha. Tipo muito mais velha mesmo, deve ser por que meus avós são uns...uns...ó deixa )
Nisso eu fui pra casa e faltei a aula a tarde por que tinha chegado umas 13:30. Alvaro mesmo assim foi, mas foi por causa de Raquel.


Aprendemos com essa história que quando você vai se alistar demora pra caralho e que você deve ir cedo e com suprimentos.
Aprendemos também que todo velhinho de praça é legal (agora vá passar numa praça de noite e um old brow fdp lhe chamar vá conversar com ele)
Cuidado também com as pessoas que querem que você se aliste no exercito (na verdade elas querem que você morra)

Essa história ia ser toda em ritmo de guerra, com mais ação, mais mentiras e cheias dos remelexos, até o titulo dele tá fodão, mas fica pra próxima (hoje eu to meio sem graça)

(por favor continuem lendo :D não me abandonem) (só deve ter três pessoas lendo essas merdas aqui, mas eu adoro vocês três por isso :P) (depois pago um real de big big pra cada um)
(ahh já estava esquecendo que tenho que ir jurar a bandeira ainda)

Comentários

  1. Porra, essa ta foda deeeeemais ! Tem meu nooome *o*

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  2. Muito bom seu texto, ri mto, qdo alistei n precisou disso tudo, paguei multa, mas como é cidade industrial n precisou dessa burocracia toda, mas tenho vontade de servir por concurso.

    meio atrasado mas só conheci seu blog hj kkk
    Abraços, tudo de bom.

    Augusto(MG)

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