Mesa de bar



A bela arte de trabalhar em um bar faz você refletir sobre a vida, sobre a morte, sobre a chance de você virar um zumbi, sobre a chance do cachorro da vizinha morder você, sobre sociedade e sobre os pensamentos humanos. A primeira coisa que você pensa quando aceita um trabalho de balconista em um bar do subúrbio é que você se lascou todo. Mas nem é de todo mal, pois eu ainda estou vivo, forte e gordo. Acho que como minha estadia de dois a três anos trabalhando em um antro de perdição para cachaceiros e colaboradores vai ser um pouco grandinho, é provável que seja postado em mais um texto.

‘’Entre a cruz e a garrafa’’
Por Junior nodachi

Tudo começou quando meu tio falou uma vez se eu queria ficar de olho no bar dele enquanto ele ia ao centro fazer umas compras. Como garotinho educado e prestativo que sempre fui aceitei de bom grado, sem segundas intenções. (eu não ia encher a cara lá)

As primeiras vezes que passei minha agitada tarde naquele bar foram até que bem simples, algumas vezes sozinho, outras com ajuda do meu avô (CHATO PRA CARALHO! CHATO PRA PORRRRRRA!). Ele se achava um grande e vivido foderrão, tinha varias de histórias na ponta da língua para contar aos fregueses (a maioria mentiras), um típico avô se não fosse meu. (vendo um avo entre 85 e 87 anos, conservado, ativo, meio galinha e com uma fazenda) Ele até me tratava bem nessas ajudas que eu dava a meu tio no bar, não eram freqüentes deveras, uma vez por semana. Eram cinco ou dez reais bem vindos pra mim, (dava pra gastar jogando pro skate na locadora de Marivaldo).

Logo quando meu tio me formalizou no trabalho, (escravo fugenciu) num foi uma carteira assinada, mas foi um contrato bocal. Eu ia ganhar a pequena quantia de quarenta reais por semana, o que me dava 160 por mês, o que era uma merda, mas eu como jovem acostumado a leite com pêra e pão com mortadela, na minha flor da idade, nos magníficos 14 anos de vida, aceitei o trabalho.

Eu trabalhava das 12:30 as 13:30, ia pra casa, almoçava, dava uma jogadinha no PC, e voltava as 15:00, abria o bar e ficava lá. Não era bem um bar, bar. Era uma mercearia que vendia bebidas alcoólicas (:D ). Tinha de tudo e mais um pouco. Ficava na frente da casa dos meus avós, isso tornava tudo mais difícil, mas não tão difícil no começo.

Lá também trabalhava minha prima, ela ficava lá pela manha,( filh@ $@%# #@$#@$), eu achava até legal, antes de descobrir umas coisas escrotas sobre ela(ela fazia minha caveira, pra ficar com os dois horários e ganhar mais e conseguiu tempos depois. Agora faz tua FTC ai nerdona ( _|_  ). Enquanto isso a rotina corria, casa, colégio, trabalho, e assim se criava um ciclo vicioso de escravidão. Todo trabalho só dura três meses, depois disso passa a se chamar carma, tormento, escravidão ou algo parecido. 

No primeiro ano de carma, eu adorava e odiava as noites. Adorava por ser um guri responsável, que estava juntando seu dinheiro, procurando o fazer, virando homem de verdade.  E odiava pelo fato de ter que trabalha para meu tio, na casa da minha avó, sobre a supervisão do meu avô, junto com minha prima, e todo dia. Sem falar nos bêbados, nos brows, nos caloteiros, ladrões, mafiosos, e muito mais pessoas que enchiam meu saco.

Uma parte legal foi que durante esse tempo sem muita vida infantil social adolescente eu fiz vários amigos, nenhuma com menos de 30 anos claro (eles falam iai cara, iai filho de Denílson, iai sobrinho de marquinhos, ou até iai neto de seu Zé, quando passo por eles hoje,muito poucos falam Juninho), mas achava os assuntos bem mais interessantes daquela forma. Eu tinha perdido o interesse por pessoas novas, até hoje sou assim. Aprendi uma tanto de tudo, pois todo mundo queria me ensinar algo, pois eu era a mente em desenvolvimento lá. Aprendi coisas sobre comercio, bebidas, comida, compras, pessoas, mulheres, principalmente mulheres, por isso falo bem mais, e sou bem mais adorado por mulheres mais velhas do que as mais novas, mulheres novas tem ideais diferentes, coisas de mulher ( :P ). Mas um ponto se destaca perante isso tudo, sexo. Se você quer ouvi sobre sexo, trabalhe em um bar, se você quer saber sobre sexo, trabalhe em um bar, se você gosta de putaria das brabas, trabalhe em um bar. Posso até afirmar que tinha virado um especialista em sexo sem ter ao menos feito ainda.  Fiquei fascinado por comportamento humano, sabia só de olhar para uma pessoa o que ela tava passando, e sabia descrever a vida de uma pessoa pela cerveja que ela pedia. (Especial esse dom)

Meus amigos e conhecidos iam de policias a ladrões. Falando em policia e ladrão, uma arte de dono de bar é ser observador e esperto, ou você pode ser enganado na conta. Um dia a civil parou lá, entraram com umas metrancas grandonas, e numa marra da porra (achei da hora), revistaram todo mundo, eu morria de medo atrás do balcão. Mirou o bagulho pra mim e perguntou quem eu era.

- Que é você moleque?
- Eu trabalho aqui.
- Você trabalha?
- Trabalho, aqui é casa da minha vó, e a mercearia é do meu tio (eu num ai falar ‘’bar’’ pra policia nem fudendo)
- Cadê o documento?
(todo mundo mostro....menos eu ¬¬)
- Eu não estou com documento.
- Vou liberar dessa vez.
- Ok.

Eu tinha ficado branco, azul, verde, rosa, tava quase um arco-íris na passeata gay, morria de medo (foi ai que começou minha admiração pela policia).

Outra coisa boa de trabalhar em um bar são as guria ( XD ), gurias de todo tipo, forma, cor e credo, a maioria filha dos meus supostos amigos velhos, era uma maravilha. Teve umas três que se destacaram perante imensidade de gente que eu atendia. A da casa vizinha a da minha tia, ela tinha vido de uma cidade ai, ai pá e tal, e... Sabe? (o sotaque dela era da hora de mais), tinha também a filha do House, que era meio magricela na época (é até hoje), não era tão interessante, mas me dava certa moral, até eu estragar tudo. Passei um dia por ela indo pro colégio e não respondi o ‘’oi’’ que ela me deu, e ela tava junto com as amigas e tal, (eu não entendi até hoje), ela ficou falando depois:

- por que você não respondeu meu oi?    
- que oi?
- de manhã quando você tava indo pro colégio.
- eu num vi, ora. (eu não tinha visto mesmo, eu tava andando e me equilibrando no meio fio, faço isso até hoje)
- você viu sim, você viu sim, você viu sim, você viu sim, você viu sim.
- foda-se porra! Sou nada teu.
- foda-se você!
- ta bom foi mal.
- me deixa viu.
-hã?...maluca.

Depois disso, ela foi embora e nunca mais falou comigo. (:D)

Um grande problema de trabalhar em bares é que bares funcionam até a noite. Eu ficava lá até as oito, nove horas, depois disso que eu ia pra casa jogar finalmente. Num precisa nem falar que eu fiquei de recuperação esse ano, né? Foi um saco só, mas tudo bem, eu já tinha minha bike equipada (foi roubada anos depois por um negão armado com um 38, odeio ladrões), meu PC tava filé, e eu tinha pretensões de comprar outro.

Às vezes quando meu avo viajava, eu fica dormindo na casa da minha vó, por que a família pedia. Diziam que pra caso de acontecer alguma coisa eu acudir à velha. Minha vó era um doce de pessoa até você passar um dia com ela, (velha chata do capeta!!!). E quando juntava meu avô e ela, ai que a merda tava feita mesmo.
Eles tinham um casamento meu de fachada no meu ver, eles brigavam muito, era um tentando matar o outro. Eles ‘’tinham’’ por não tem mais, ele se separam. Com 85 anos uma separação pode ser algo difícil pra uns, mas eu achei super legal, era melhor isso do que um botar veneno de rato na comido um do outro.

Quando você trabalha bem próximo a família passa a odiar todo mundo, odiar festa em família, odiar reuniões de família, odiar fim de semana em família, odiar os familiares. (esse ódio perdura até hoje, tem uns três anos que num vou a uma festa de família)

Alem de odiar familiares, trabalhado junto da família você passa a descobrir coisas que você não deveria descobrir.
Ex:
Traições
Roubos
Calunias
Vingança
Perversão
Vícios
Personalidades  estranhamente suspeitas
Isso tudo e mais um pouco. Você que supostamente acha sua família perfeita, adorável e legal, é por que você não conviveu com eles tempo suficiente para saber que são verdadeiros filhos da puta.  Eu descobrir que minha tia botava galha no meu tio (porra, eu adora meu tio), descobrir que meu outro tio botava ultras galhadas na minha tia (já esse tio eu queria que morresse mesmo), descobrir que outro tio era um larapio sangue suga, (minha família era grande).

Mas o proveito de trabalhar perto da família também chegava. Eu virei uma expert em buraco, eu era quase um baralhista, nós jogávamos das oito as duas da madrugada. Era jogo pra caralho. No começo não me deixavam jogar (filhos da puta), eu tive que ir ganhando a confiança para entrar no circulo da jogatina, foram três meses observando jogadas e aprendendo técnicas, sem da um pio, quietinho, sentado numa cadeira. Minha chance chegou quando meu primo tinha saído pra alguma coisa, e faltava um pra completar a dupla, foi que me apresentei. Ninguém botou fé que eu ia jogar bem, mas eu bati o jogo. (eu bati o jogo porra! Eu sou foda!!! Caralho!)  Depois pois disso eu era bem requisitado pra jogar, tomei o lugar do meu primo, que passou a fazer outras coisas, (como pegar mulher. Eu era otario, trocar mulheres por baralho... só um idiota mesmo) Teve uma época que tentei aprender poker, mas não deixaram, por que eu poderia viciar e virar um jogador maligno das trevas.

Já ia esquecendo outro ponto positivo de trabalhar em um bar. Conhecer a malocagem. Nada melhor pra se sentir seguro do que conhecer a malocagem. Eu conhecia brows pra caralho, comprava boné na mão de um, tenho bonés até hoje, eu comparava um por semana, ele me vendia a dois reais, uma pechincha.

La também tinha as caças níqueis, um bar não é um bar sem as famosas e agora proibidas caça níqueis, nada mais prazeroso do que ver pessoas perder todo seu salário numa maquina ladrona. Passei tanto tempo vendo as pessoas jogarem, que já adivinha onde ia parar, alguns se ligavam e se aproveitavam(do meu dom de premonição), mas eu sempre escolhia a quem ajudar, falava palpites certos, hora falava palpites errados. Eu era Deus no julgamento final, escolhia quem ia pra casa de cabeça baixa falar com mulher que perdeu tudo, e quem iria com um sorriso de orelha a orelha ter uma noite de sexo casual rotineiro. (me comparei a Deus, me crucifiquem agora)
   
Vou parando por aqui pra não ficar muito grande, posto mais depois sobre esse assunto.

Aprendemos com esse texto parte 01, que um duque vale mais que qualquer carta, e que uma real tem uma seqüência de sete carta do mesmo símbolo, quando a mesma for limpa. Aprendemos também que quando uma mulher (magrela ou não) fala ‘’oi’’ você tem duas opções, responder ‘’oi’’ ou mandar ela ‘’se fuder’’ depois (se fuder metaforicamente)...mas sei lá, literalmente é legal tbm...tou pervertido hoje..saco.

Nossa só pra eu não esquecer. Meu primo por parte de pai teve aqui hoje e tal, (toda a história é baseada em parentes de parte de mãe, ai decidi falar no finalzinho do outro lado pra não criar um conflito) ele mora meio longe ai ele veio dizer que teve um filho (ELE TEM 19 ANOS!!!), ahh e só pra completar a as três irmã dele casaram também (20, 16 e 14, mas que pohha de mundo perdido é esse) e de 16 já ta prenha tbm. Então é só.

USEM CAMISINHA SEUS FILHOS DA PUTA! PAREM DE FUDER MEU MUNDO COM UM BANDO DE PIVETINHOS SEUS PUTOS!

Resmungos: casar com 14 anos....num era nem pra ela ta se masturbando com 14 anos,...cadê os Jonas brothes quando a gente precisa...mundo perdido...


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