Histórias do tempo do pokémon



Por que o dinheiro muda? Por que a cada ano vai ficando mais e mais difícil sustentar seu valor de antes? Há alguns anos o valor de uma nota de dez era o mesmo de uma nota de cinqüenta hoje. Nada que fizesse diferença pra o Silvio Santos, mas hoje faz.
O que seria do amor sem o dinheiro? O que seria de você? O que seria de mim?
Mas por que merda o dinheiro fica cada vez mais baratos e as cosas cada vez mais caras? Alguns podem saber a respostas, e logo na introdução já vão querer estragar meu texto.

‘’ Money, que é good e nois não have!’’
Por: Junior Nodachi


Nada como você relembrar a ultima vez que achou um dinheiro na rua... Bons tempos. Hoje em dia você encontra bala de 38, camisinhas, beck, um mendigo, um hippie vendedor de pulseiras, e tantas outras bizarrices que não se via no passado.
A
ultima vez que achei dinheiro eu ainda morava em Salvador. Lembro bem da cena. Eu estava vindo da igreja num belo e ensolarado dia de domingo. Passava pela frente do centro de treinamento do Ipiranga quando vi algo se mexer na calçada. Eu tinha acabado de sair da loja de mangá, que era o único motivo para eu ir à igreja saldar o ‘’grande elétron’’. Aquela nota de dez reais vermelhinha, vermelhinha, totalmente desprotegida, no sol, sem um amigo, sem uma família.

Acolhia ela em meus braços como uma filha. Sentia sua textura. Olhava pra os lados pra ver se ninguém iria contestá-la. Mas estava tudo bem. Naquele momento só existia eu e ela, ela e eu. E o que eu fiz? Voltei pra loja de mangá ora, fui comprar um belo e preto e branco mangar do Dragonball, que tinha me apaixonado a primeira vista.

O mangá era três reais. Eu tinha ficado ainda com sete. Eu estava me achando o senhor fodão da galáxia nêmeses Power point. Eu tinha sete reais e um mangá  sem ter esforço nenhum. Passei no mercadinho da praça e com pré dois pacotes de salgadinho. Aqueles que vinham com tazos do Pokémon. Lembro-me de ter aberto um logo ali, pra ver o tazo. Era um Pokémon marrom, parecendo um inseto gigante, com umas garras no lugar da boca, bem forte até, elemento terra. Guardei o outro pacote para abrir em casa. Nele tinha um pidgeotto, mas não era um simples pidgeotto, era um pidgeotto com olograma, com as três evoluções. Foi uns dos meus tazos favoritos. Lembro-me também de ter batido tazo no colégio muito no dia seguinte.
Com isso me sobravam cinco reais, poderia comprar um carro, gastar no aeroclube, poderia comprar um cd de jogos, poderia comprar uma casa, casar constituir família e ainda sobraria para aposentadoria.

Cheguei a minha casa numa velocidade tremenda, com meu mangar e meu salgadinho. Lembro de levantar a nota e falar: ‘’eu to rico!!!’’. Minha olhou meio assim... Como se fosse dizer ‘’ meu filho é um idiota’’, mas ela foi bem maneira em perguntar como foi e tal. Lembro-me de que na tarde fui pra galeria que era de frente de lá, passei pela loja de equipamentos esportivos e subir em direção as lanchonetes.  Cheguei lá, bate no balcão e pedi um misto. Foi um ótimo misto com suco, um dos melhores que já comi.  Quando sair de lá fui em direção ao mercadinha do Seu Inácio, que vendia figurinhas do meu álbum. Comprei dois reais, um monte! 
Com os outros dois eu comprei, um real de bala e um real de geladinho. Sem falar que achei uma figurinha premiada a figurinha do ‘’piccolo’’. Ganhei um ‘’ resta um’’, eu ainda nem sei pra que isso serve, basicamente nunca entendi o objetivo. Mas eu usava os pinozinhos como granada pros meus bonecos, e eu realmente estava precisando de munição pesada para minha diversão.

E assim meus dez reais se foram, um belo e luxuoso dia gastando o dinheiro que o ‘’grande elétron’’ tinha me dado. E quando hoje lembro que dez reais mal da pra comprar um tazo, imagina, fazer umas aventura dessas em plena transição para o século XIX, foi uma coisa linda.
como um pai diz a seu filho, eu digo a vocês: ‘’Filho, você deve estudar mais, pra ganhar mais dinheiro, PRA PODER PEGAR MAIS MULHER!!! ‘’. No caso das mulheres, pra comprar... sei lá, o que vocês compram.

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