Procura-se emprego


Tudo começa quando você faz dezoito anos sendo homem. Para as mulheres menos mal, nada ira realmente mudar. Mas para nós homens, algo realmente insuportável acontece.
Como sabemos, vivemos em sociedade, e essa sociedade nos deixou de presente suas marcas brutalmente forjadas em ferro na carne.
‘’Não existe trabalho ruim. O ruim é ter que trabalhar!’’
Não. O ruim não é trabalhar. O ruim é você ouvir da sua tia que a filha dela tem 16 anos e já trabalha, (o trabalho dela é... um dia você vai descobrir :D) enquanto você fica dentro de um quarto ‘’estudando’’ e vendo mulher nua na internet. Sem falar em seus pais que tem o orgulho de dizer que nessa idade já trabalhavam e ajudavam em casa, que já eram responsáveis, que eram independentes, que era sayajins e as porras todas.

‘’ No Brasil quando a minoria está no poder (nunca deixou de estar, alias) e concede vagas liberdades à maioria, chama-se de democracia.
quando esta maioria, porém, tenta chegar ao poder dá-se o nome de subversão.’’
[(velho e real ditado hippie. O único que eu acho cabível) Diga não aos hippies!!!]

‘’Todo trabalho da trabalho’’
Por: Junior Nodachi

Num notório domingo de março, logo pela manhã meu tio aparece aqui com uma incrível idéia em mente, ‘’empregar um sobrinho vagabundo’’. A proposta seria para meu irmão. Eu seria sempre o reserva fechado que não liga pra os sentimentos deles. Mas como foi rapidamente especificado por ele, meu irmão não tinha idade suficiente. Quer dizer até tinha, mas estava estudando pela tarde. Então sobrou pra ‘’eu’’.

Relutei bastante em aceitar a proposta de disputa um cargo como operário de uma fabrica do interior da Inglaterra do século XIX, (a se fosse à Inglaterra...). Depois da pressão psicologia imposta por minha mãe e ele, aceitei comparecer na fabrica, ou na pós-morte, dependendo do seu ponto de vista. E assim minha promessa de não trabalhar até achar algo que eu gostasse foi por enxurrada a baixo, e as memórias dos anos de bar/mercearia voltavam como uma musica assustadora do final fantasy VII.

Na segunda eu o aguardava com a resposta. A resposta se ele poderia botar o sobrinho pra disputar a vaga. Eu realmente não queria disputar isso, mesmo sendo competitivo como sou. Mas como disse o sabia Gandalf, ‘’Nem todas as batalhas podem ser disputadas’’. Pelo menos eu acho que foi o Gandalf que disse isso.
Apareci na fabrica pela tarde para fazer a temida entrevista de trabalho. Tive que esperar muito. Sabe como é chefe, só chega depois das 15:00 e sai antes das 17:00, uma coisa bem capitalista mesmo, bem do nível feudo e olhe lá.
Ele chegou logo depois em seu super Corola com rodas de 258 polegadas. Ele era um velho, alguns diriam que não tão velho, mas sim, era. Ele tinha uns 50 anos (isso é muito velho). Subi logo para a sala de espera dele, onde eu olhava entediadamente os carros passarem pelo reflexo da janela de vidro negro espelhado do escritorio.

Eu não parecia nervoso. Eu realmente não estava nem um pouco ligando para aquela situação, ao contrario do que os operários falavam ao passar por mim: ‘’tá nervoso?  Vai falar com o patrão’’. Essas coisas não me deixam nem um pingo nervoso. Fica nervoso em falar com pessoas que tem significado pra mim. Fico nervoso quando imagino todas as variáveis de personalidade e descubro mais uma. Isso sim deixa uma pessoa nervosa.
E começou a chuva de perguntas que ele provavelmente roubou de algum seriado noturno produzido pela Globo. Perguntava coisas logicamente idiotas como: você quer realmente esse emprego? O que te trás a esse empresa? Será que vai saber trabalhar?
 
Faltou perguntar meus pontos positivos e negativos. Eu o encarava e ele não retrucava, era uma coisa bem estranha, pois ele era o chefe e não conseguia ter uma conversa seria em pé de igualdade com uma pessoa. Ele é do tipo que se acostuma fácil, fácil a ser bajulado e bem tratado, sendo visto sempre de baixo pra cima e nunca diretamente.
 No entanto ele me mandou comparecer a fabrica no dia seguinte para fazer um teste. Quem diria que eu faria um teste. Com isso voltei alegre e feliz pra casa, tinha que assistir o resto do lost que tinha ficado pela metade.

Na bela manha de terça eu estava lá, em pé, diante dos meus tão amados parentes. Esperando o aviso da entrada. O cara que iria me auxiliar e passar todo o seu conhecimento era o... Eu não lembro o nome dele, (eu nunca lembro o de ninguém). Mas lembro da primeira coisa que ele me perguntou.

-Iai playboy qual teu time?
- O que?
- tem time não é?
- sou vitória ¬¬

Falar aquilo foi como surrar a mãe dele, ou como ver uma ‘’criatura colorida’’ ter uma ataque de pânico. Ele gritava que não iria dar certo. Que não poderia trabalhar com um torcedor do Vitória, (achei uma cena muito gay. É só futebol porra!). No entanto ele era bem legal. Ele faz o tipo professor rápido e tal, não como aqueles que acham que todo aprendiz é de alguma forma ‘’retardo’’ a ponto de nunca entender nada claramente.

Eu fiquei no setor das carteiras. Ele me mostrou como ‘’pilotar’’ um maquina gigantesca lá, parecia uma nave do star wars. Me senti como o darth vader, mas me sinto assim todo dia. Eu tinha que colocar umas ‘’facas’’ embaixo da maquina, formando um modelo da carteira que eu iria cortar, era algo simples, a não ser pelo fato da escolha do couro e daquele cheiro horrível que me ficar tossindo a cada dez segundos.
Ele me mostrou logo como saber cada qual couro era o couro certo, era quase uma aula ninja gaidem. Eu tinha que sentir o couro, olhar o couro, analisar o couro, imaginar o couro, (muito gay essas coisas, gays, mas reais).

Uma coisa que pude notar, que assim como no colégio. Assim como no bar. Humanos só sabem falar de futebol e sexo. Essa fascinação humana por se reproduzir descontroladamente, por busca incessantemente a ‘’tampa da panela’’, por querer compartilhar a vida com outra pessoa, por pular de parceiro em parceiro até achar o que mais lhe agrade em certo momento da sua vida.

Eu estava na parte mais ‘’resenheira’’ da fabrica, onde se fala de tudo e de todos. Eu mesmo calado, serio e com meu belo olhar psicopata, fiz algumas amizades, algumas afinidades com as pessoas. Um pouco de ajuda seria o fato que eu conheça indiretamente 40% da fabrica.

Mas nada acabou só com esse nítido começo constrangedor. Fui chamando de roqueiro, gótico, emo, ‘’o cara do cabelo grande’’, guri, pivete, playboy, sobrinho de Everaldo, filho de Naide, primo de Ludson, e todos os outros nomezinhos no diminutivozinhos.

Aproveitando a grande temática futebol e sexo, digo que a vida é mesmo uma caixinha de surpresas, pois no primeiro dia, era o dia do aniversario do BIG BOSS. Dia do ‘’bolo’’ como diziam os funcionários, e onde eu vi o quanto é legal ser o big boss. Além dos funcionários ter bancado toda a festinha para o big boss, o que eu já achei uma palhaçada. Um funcionário já ganha pouco menos de 600 míseros reais por mês. E ainda são expostos a organizar uma bela festinha. Uma festinha que ele esfregaria todo seu poder nas fuças dos pobres operários, onde ele esfregou sua mulher na cara de todos, que por sinal deveria ter minha idade.

Ahh... Quero falar mais sobre isso. O que leva um homem relativamente bem sucedido a transforma uma garota que poderia ser sua neta, ou sua filhinha novinha dançarina de free step em sua mulher. Tudo bem que 101% dos homens fantasiam quando serem velhos ficarem com garotinhas que ainda cheiram a leite. Mas o que leva essa pessoa a transforma alguém tão ‘’ um adjetivo qualquer’’ em sua parceira para todas as horas.
 Ele realmente deve ser um velho muito solitário e triste, e creio eu que em algum momento dessa vida dele ele vai olhar e ver que não deveria ter feito isso. Manter um relacionamento insignificante a pura base de dinheiro e dinheiro. Alguns vão falar ‘’mas amor não tem idade’’, não tem idade o meu pau bando de filho da puta. Amor nem existe. E outros vão falar ‘’você é só mais um preconceituoso’’, sim, lógico que sou, sempre fui, nunca fui politicamente correto e nunca gostei de pessoas assim. Sempre dei risadas dos velhos, dos novos, das mulheres, dos homens, das loiras, dos deficientes, dos negros, dos portugueses, de todos, pois não passo de um ser egoísta. Assim como todos vocês são em sua essência.

Eu realmente não estava a fim de escrever esse texto. Eu não sinto mais a motiva que sentia, não tenho mais a gana por palavras, o cuidado de ler depois que escrito para ver se a idéia passada estava sendo a mesma que eu estava tendo, acabou, acabou tudo isso. Só mantenho esses textos por livre (um tanto de pressão também) capricho, por não ter o que fazer em algumas trades como essa, ou em algumas noites. O único desejo que ainda sobra (e olha que eu sou novo pra caralho e já estou como um velho) é o desejo de não esquecer nada. Eu realmente não queria esquecer nada nunca, lembrar de tudo, todo ínfimo detalhe, cada piscada de olho. Mas até isso já esta ficando pra trás.

E com isso eu informo uma parada nos textos. Uma parada por um pequeno tempo, não sei quanto. Pode ser um dia, uma semana, um mês, um ano de cachorro, um ano humano, realmente não sei.
Ahh, já ia esquecendo. Todos comeram o bolo, cantaram parabéns, alguns lhe deram parabéns, (eu dei, mesmo odiando muito aniversários), beberam coca, e foram pra casa. O resultado do meu teste ainda não saiu.
É só Poe hora.

Aprendemos com esse texto que trabalhar é ruim, serem empregado é ruim, ser um guri de 18 anos é ruim, ser pobre é ruim, ser um rico infeliz é ruim, tomar chuva e trabalhar molhado é muito ruim, trabalhar com parentes é ruim, e contra suas próprias ideologias é ruim, que aniversários são ruins, que maus textos ficaram muito ruins, que eu estou confuso como nunca estive e isso é ruim, que eu não saber o que fazer é ruim, que eu ficar sem escrever é ruim, que eu ficar postando besteiras aqui vai ser ruim, e só.

Contrariando-me aqui no final.
Parabéns Laura!!! 18 anos é uma merda, e a tendência é piorar a cada ano
‘’os chicletes foram quase bigbig’s e a palheta era do guitarrista do clube de patifes’’
eu te dar um coelho =/
mas quando fui ao lugar pela tarde tava fechado
fica pro 19° :D

Comentários