Arrepender




"Humanos não são mamíferos. Mamíferos vivem em harmonia com a natureza. Humanos escolhem um lugar pra viver e se multiplicam destruindo tudo até não sobrar nada. Depois, têm que procurar outro lugar pra viver. Sabe que outra espécie vive assim? Vírus!"
Eu poderia até dizer que isso é meu, que escrevi e que são minhas mãos doídas que bateram e bateram no teclado até sair essa definição artisticamente sublime. Mas não são. Roubei isso de um filme, quase sempre faço isso. Não tenho muita coisa própria, digo que ‘’minhas coisas próprias são apropriações indevidas’’. Isso sim e meu. 

O problema é que não sou bom com palavras minhas, coisas não testadas, coisas que não foram garantidas pelo Inmetro. Sabe aquela coisa que você deveria falar mais não fala? Sabe? Isso sou eu. ’’ Eu sou as palavras vazias de Jack’’. Isso foi roubado. De um filme também, roubo muita coisa deles. Penso que se perdi um tempo assistindo, posso tirar pelo menos uma frase.

‘’Arrependimento’’
Por: Junior Nodachi

Sabe quando a gente se arrepende de uma coisa? Então, isso sempre acontece comigo. Não que seja um arrependimento complexo e murmurante que vai se transformar em um câncer mental e letal. É só um arrependimento simples.

Tipo esse fim de semana. Planejei a semana toda em ficar bêbado no sábado e no domingo, queria passar os dias falando besteira, tendo coragem, caindo, e cantando. As coisas não são bem assim. O ato de ’’ficar bêbado’’ pra mim é mais importante do que o ato de beber. Eu consigo ficar bêbado sem beber, eu consigo beber sem ficar bêbado, é algo sem graça e simples. Você direciona toda sua alegria e falta de vergonha pra uma garrafa e a bebi, achando que tudo isso vai descer a sua goela e te tornar uma pessoa que você não é. Uma pessoa descartável.  Assim você cria personagens atribuídos à bebida. Uma pessoa mais forte se quiser, com mais atitude, mais tímida, mais extrovertida, mais lerda. Eu opto pela mais corajosa, pois tenho certo medo das coisas darem errado, ou darem certo demais, gosto das coisas equilibradas. Quando as pessoas bebem, bebem pra libertar seus demônios. Eu bebo pra prendê-los.

Já repararam como o barulho da impressora imprimindo um papel é lindo, parece uma sintonia punk, não é um exagero por completo, é a forma da maquina fazer sua parte, sua arte, seu som. Eu gosto de reparar essas coisas, assim como o arrependimento, que vem depois daquela coisa falada, respondida, escrita e como vai ser quando eu postar isso. Você sabe que ele vai vim, e esperar pacientemente que ele venha, lhe abrace e lhe consuma. Mas também sabe que ele passa, e tudo depois vai pro grande monte de besteiras feitas.

Arrependimento é tão nobre e tão bom quanto o amor, quanto o ódio, quanto à raiva. Eu tento sentir todos, do mais ínfimo até o mais espalhafatoso. Tentei também ser frio, sem sentimentos, impiedoso. Confesso, é ótimo, quase perfeito, tirando pelo fato de que endorfina não vai ser mais fabricada em você, pelo menos não numa quantidade agradável, e tudo vai ficar cada vez mais chato, monótono, repetitivo, cansativo e sem graça.

Arrepender-me das coisas me faz fazer coisas melhores, sempre melhores. Ninguém se arrepende se de se arrepender, pelo menos eu não conheço ninguém assim. Eu conheço pessoas que não se arrependem de nada, que fazem e fazem, que não ligam, não olham pra trás, não duvidam, não temem. Mas que vantagem se ganha nisso? Eu não sei. E eu já fui assim. Eu simplesmente não ligava, pra falar a verdade, eu ainda ligo bem pouco. Também não estou falando de dramatização, choradeira, rios de lagrimas, horas sem dormir, raiva nos olhos, dentes serrados, travesseiros espancados, canetas mordidas e punhos apertados. É só arrependimento, a sensação de não ter feito do jeito que deveria ter feito. Mas o mal do século é outro. Dizem ser outro, eu não lembro qual é. Mas lembro que pra todo arrependimento tem um dia novinho e igualzinho pra tentar fazer tudo errado de novo. Pois é errando que se erra mais.

Eu realmente vou me arrepender de ter escrito isso. Mas eu sou assim, e adoro ser um egoísta nato, mas estou começando a sentir, sentir umas coisas legais, coisas novas. Ainda tenho quatro dedos de bebida na garrafa. Ela esta ali, parada. Lembrando-me do momento de sua compra, me lembrando dos bons momentos que ela causou, das boas situações, e das más também. Mas paro e penso, se eu beber agora...  Já é tarde, amanhã eu tenho trabalho, posso me arrepender disso.   

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