Homem medieval




Século XIII, talvez século XIV, outro continente, uma família de nome e tal, seria perfeito.

‘’Jovens idosos a procura de um lar ‘’
Por: Junior Nodachi

Sentar num velho banco sujo e bambeando, coçar a barba meio longa, não longa de mais. Olhar homens e mulheres sujos passando em sua frente, com um cheiro não muito bom no ar, talvez estrume, um pouco de cheiro de metal também, e fumaça é lógico. Uma roupa de couro velha, um manto por cima pra aquecer do frio e uma capanga amarrada à cintura. Rugas na cara, mãos calejadas, um copo de cerveja preta ou algo bem mais intragável como gim, de preferência com um pouco de terra no fundo do copo de barro. Botas bem apertadas, que já estão ali há dias, colando as meias na sola. Uma velha arma branca enferrujada. Uma não. Duas no mínimo. A primeira seria menor, talvez uma faca de cabo remendado e completamente imundo, por causa do uso constante. E outras pra defesa pessoa, que tal uma espada? Pode ser, pois sempre me fascinaram. A segunda bem manchada, maculada com sangue, não só de homens, de animais também. Braceletes cobrindo os braços, onde tem varias cicatrizes, todas muito doloridas, pelo menos isso é que contaria para seus amigos e para as mulheres em noites de esbórnia e bebedeira. De costa a uma velha estalagem, onde um homem de meia idade, meio alta para o tempo dito como hoje. Pararia ao lado e chamaria de Lorde ou Barão. Lorde... Nodachi? Acho que não ficaria legal. Lorde... Denilson? Pior ainda. Lorde... Marques. Também não. Um nome ideal.

Barba escura, bem completa, mas não o aborrece, talvez incomode pras jovens do cabaré, ou para sua esposa. Dentes meio amarelados pelo tempo, rosto marcado, com marcas de linhas, de família talvez, pois são parecidas com as do seu pai, umas das heranças que recebeu. Sobrancelhas grossas, não de mais, mas não finas e afeminadas. Olhos mais pretos que a morte, dizem ser assim sua cor. Um tanto acima do peso, mas foi sempre assim, nem sempre em corpo, mas sempre assim em mente. Testa franzida, enrugada, olhos bem desenhados, um bom trabalho na concepção. Um nariz levantado, características comum entre lordes. Lábios escuros, que escondem um vermelho vivo da sua boca, que por sua vez foi manchada pela Dama de batom vermelho. Dama que nem lembra o nome. Dama que sonhou existir. Que sonha encontrar antes do ultimo inverno chegar. Visto de longe é um homem cansado, vivido, experiente. Um bobo encantado por guerras e batalha sem fim diz sua esposa. Seus filhos nada falaram. Um bastado até que se pronunciou, mas não deveras falar dele, sujaria o nome da família ainda sem nome. Cabelos grandes, nos ombros, sem corte a um bom tempo, desleixo talvez, ou talvez seja como ele diz em casa para os filhos. ‘’não gosto de laminas perto de minha cabeça. A não ser que sejam para decepá-la‘’. Quando novo era fraco, franzino, pequeno, com um olhar distante, vivia doente, por isso não adoece mai. Sua mãe dizia que era fraco, que não conseguiria muita coisa. O pai nem o olhava, era melhor um bastardo do que um covarde ele dizia. Aos onze em meio a o aperfeiçoamento  do modo de matar, se entregava aos livros e ficara mais distante ainda, e mais ainda depois da morte de seu pai, que pra ele não fez tanta diferença. Nenhuma eu diria. Eduardo... Um bom nome. Eduardo Willian II. Lorde Eduardo Willian II, barão do sangue Marques. Condutor de uma espada velha e longa. Senhor de sua vida, senhor de sua morte.

Não há muitas histórias sobre ele, viveu e morreu, numa época hoje considerada morta. Todavia mais viva que as mais vivas flores dos campos que não existem mais. Um homem que era feliz, que fazia de cada dia triste, um dia glorioso, vitorioso e honrado. Só não entendeu que vivia em um mundo de pessoas tristes e solitárias. Assim como hoje. Hoje um cara esta em seus aposentos vendo um mundo que se tortura a cada dia com incerteza e duvidas, com medo e mentiras. Pois nunca existirá o perfeito, no máximo o aceitável.

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