A fila






Sete caras na fila, conversando e rindo, mas desses sete só um não cortou a fila. O vigia da porta olhava e repetia pra Tia da cozinha, que os meninos de computação eram todos cafajestes.

Uns de barba, cavanhaque, bigodes, outros nada, mas sempre estão lá, falando e reclamando, tentando sempre pegar uma colher de cada coisa a mais, o costume os convém. O Seu vigia, fazia por que fazia questão de parar a fila bem na vez deles, dizendo sempre que o restaurante estava cheio de mais. Mas a gente sabia que era mentira dele, ele queria companhia, companhia do vigia.  

Lá vinha ele dizendo – Porque vocês não chegam mais cedo? – a gente nem mais respondia, ele sabia, no fundo ele sabia, matemático num tem nem tempo de comer. E lá vinha ele de novo dizendo que tudo se tiver o tempero bom da pra comer. Eu não discordo, com um tempero bom que mal tem?

Dessa vez ele falou que já rodou o país todo, que já comeu de tudo, tanto de comida quanto de rapariga. Que iam pra chácara do amigo, bebiam até a policia aparecer, que era uma festança, e era constante tirar um do xadrez. Apontava e dizia – Você! Deve ser o líder a alcateia de cafajestes, só anda na frente deles - Mas na verdade nem era, só não gostava de olhar pras costas das pessoas.

- Olha um macaquinho.
- Oxi, cortando assim ó, temperando fica uma delicia.
- Olha um passarinho.
- Oxi, cortando assim ó, temperando fica uma delicia.
- que cachorro bonito, vei.
- Oxi, cortando assim ó, temperando fica uma delicia.
- Olha que biologazinha linda!
- Oxi, cortando assim ó, temperando fica uma delicia.
- Deve ficar mesmo...
- Rapaz, Maria, olha pra isso, em computação só tem cafajeste.

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